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Se depender de mim, nunca ficarei plenamente maduro nem nas ideias,

nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.


Tempo morto e outros tempos

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

E a saga continua...Cuidando de filhos sozinha

Hoje visitando meu blog, que de vez em quando fica abandonado, reli uma postagem de tempos atrás, neste link: http://blogdaanaatena.blogspot.com.br/2016/04/toda-separacao-e-dolorida.html e quis continuar essa história. Na época do post eu não havia me divorciado, mas já vivia sem meu marido, que um belo dia disse: vou para Portugal. Inicialmente para trabalhar, ganhar dinheiro, voltar ou então, quando eu pudesse, irmos para lá, para definitivamente morarmos lá, quando conseguíssemos cidadania para tal. Pois bem, o dito cujo foi e certa feita me disse: Não piso mais meus pés no Brasil. Eu respondi: Então você está querendo o divórcio. Ele: pode dar encaminhamento nos papéis que eu assino o que for. Lembrando que tenho uma filha com esse senhor, que hoje denomino de EX-marido. E então era assim, eu fico aqui em Portugal de boa e você fica aí divorciada e com uma filha, na época, com dois anos para cuidar e criar sozinha. Pois bem, não sou de fugir à luta. Acionei advogado e começamos o processo de divórcio, que é beeem dolorido e beeeem demorado, com a nossa eficiente justiça brasileira. Dei entrada no divórcio, que correria nos seguintes trâmites: enviar carta rogatória para Portugal, para que o dito cujo tomasse ciência e o processo voltasse, dando andamento aqui no Brasil. Mas esse processo é tão moroso, que o dito cujo foi extraditado para o Brasil. Aí começou minha saga. Primeiro passo, trazer o processo de volta ao Brasil. Segundo, dar andamento ao processo aqui. Entrei com esse processo em julho de 2016 e até agora, abril de 2018, nada de esse processo findar. O processo de divórcio foi resolvido em uma audiência conciliatória. Em 27 de novembro de 2017 eu estava legalmente divorciada, mas como o processo envolve menor, a audiência de guarda, visitação e alimentos tem que ser na presença de um juiz de Direito,     que ocorreu e ficamos acertados com todos os trâmites legais. Enquanto isso, eu, sozinha, tive que reorganizar toda a minha vida. A empregada que eu tinha e que ficou comigo 7 meses um belo dia disse que voltaria para a cidade dela e me deixou na mão. A casa já não era mais segura, o valor do aluguel, também, estava altíssimo. Portanto, me mudei para um apartamento no qual o valor do aluguel e condomínio ainda era menor que somente o aluguel da casa, reorganizei meus horários, fazendo tudo que tenho para fazer durante o dia, período em que trabalho e minha filha fica em uma escola integral, por isso também que tive que achar um aluguel mais barato, pois a mensalidade da escola aumentou. E por que, Ana, você fez tudo sozinha? Porque o dito cujo, simplesmente, acha que filho é enfeite e que só tem que me ajudar quando ele pode. E eu, como excelente mãe que sou, não vou deixar minha filha passar por necessidades e nem provê-la de educação por conta da irresponsabilidade de um pai ausente. E assim vou agradecendo por tudo que me ocorre, pois sei que é para meu inteiro bem estar e de minha filha. Mas não é fácil ser profissional e mãe sozinha e solitária. Ainda bem que conto com minhas irmãs e minha filha mais velha, além de amigas que entendem que não é fácil ser mulher, mãe e profissional, sozinha, ainda mais em um país tão preconceituoso quanto o nosso. E nisso se vão 7 anos....e tudo continua do mesmo jeito, mas agora minha filha está maior, já me ajuda com bastantes coisas, eu já estou beeem melhor, mais resolvida a ser plenamente feliz...E a história continua....

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Devotees, pretenders, wannabees

Vamos falar sobre pessoas que têm interesse ou atração por pessoas com deficiência (PCD). Participando, atualmente, de alguns grupos, de pessoas solteiras ou não, que se reúnem para se conhecerem, reunidas por apresentarem uma característica em comum, que é uma ideia política mais à esquerda, percebi que não há muitas pessoas com deficiência, nesses dois grupos em que participo, até hoje, conversei somente com um rapaz, deficiente físico, que mora no Rio de Janeiro. Nos idos do final da década de 90 e início dos anos 2000, eu atuava bem mais nos movimentos em defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Só para contextualizar, desde 2001, quando defendi minha dissertação de Mestrado, sou Pedagoga, Mestre em Educação Especial. Quando lecionava em uma faculdade na Zona Sul de São Paulo, a extinta Fintec, eu coordenei um curso de Pós-Graduação em Educação Especial, pelo qual eu era responsável por contratar os professores que seriam responsáveis pelas diversas disciplinas daquele curso. Nessa época eu me envolvi bastante com os movimentos que lutam pelos direitos das PCDs,conhecendo muita gente com deficiência. E nessa mesma época eu acabei me atualizando nos estudos e temas relativos às pessoas com deficiência. Por volta de 2003 conheci um rapaz, com deficiência física, e acabei "namorando" com ele, era um namoro a distância, já que ele morava em outra cidade, ele tinha uma banda e, sendo assim, veio uma vez tocar em São Paulo, nessa época eu morava lá, no centro de SP, portanto, ele ficou em minha casa e eu faria toda a logística de levá-lo ao show e acomodá-lo pelos dias que ficasse em São Paulo. Antes de conhecer essa pessoa eu não sabia que existia um público específico que se interessa por se relacionar deliberadamente com pessoas com deficiência. Fazendo uma rápida pesquisa, encontrei uma postagem em outro blog (http://www.bengalalegal.com/devotee) que explica os termos devotee, pretender e wannabee e aconselho vocês a lerem a referida postagem. Nela encontrarão que :
Descobri, a partir de minhas pesquisas, que além de não se tratar de "casos isolados", havia toda uma terminologia que definia o fenômeno e suas características. Existem os devotees que são pessoas (homens ou mulheres, hetero ou homossexuais) que se sentem sexualmente atraídas por pessoas com deficiência. Há também os pretenders que são pessoas que, além de serem devotees, sentem-se sexualmente estimuladas quando fingem ser deficientes, utilizando, em público ou privadamente, equipamentos como cadeira de rodas, muletas, bengalas, aparelhos ortopédicos. Além disso, existem os wannabes, que são devotees que desejam tornar-se, de fato, pessoas deficientes.
Com isso exposto, comecei a pesquisar e descobri que há aplicativos, hoje em dia, somente para pessoas que sentem atração por pessoas deficientes interagirem. Se colocar na busca do Google a palavra DEVOTEE logo o primeiro resultado é sobre um desses aplicativos (http://devotee.com.br/) cujo slogan é o melhor lugar para se conectar com pessoas especiais. Eu, particularmente, achei bem interessante, pois vemos que hoje em dia, ainda, em pleno século XXI, há preconceitos e falta de informações acerca das pessoas com deficiência. Na época em que estudei, me formei e terminei o Mestrado, ainda era um pouco de tabu falar da vida sexual das PCDs, e hoje em dia ainda há pessoas que acreditam que pessoas com deficiência são, em alguns casos, assexuadas, ou em outros casos, hiper sexuadas. Lembro-me da tese de Doutorado da minha orientadora de Mestrado, cuja temática era a sexualidade de pessoas com Deficiência Mental (não havia à época, ainda, o termo Deficientes Intelectuais, como é designada, hoje, a população com alguma deficiência que acomete o intelecto), na qual muitas pessoas acreditavam nessa díade sobre a sexualidade das PCDs. O que sabemos hoje é que as pessoas com deficiência têm sua estrutura sexual preservada, são plenamente capazes de amar, se relacionar, gerar filhos. Se vocês, caros leitores, fizerem pesquisas rápidas, vão descobrir isso, nem é tão difícil, hoje em dia, pois há muita informação a um toque dos dedos sobre a sexualidade de pessoas com deficiência. Vamos nos informar e respeitar, principalmente, todas as pessoas, as com deficiência e as que são atraídas por pessoas com deficiência, pois antes de tudo, são pessoas, e necessitam amar e ser amados em toda sua plenitude.

sábado, 6 de junho de 2020

Tempos e Amores Líquidos

Vamos falar sobre?
Como sempre meus textos, aqui no blog, surgem interações que faço em alguma rede social, ou com amigxs. A ideia de falar sobre Tempos e Amores Líquidos surgiu à partir de uma postagem em um grupo, que participo, na rede social Facebook. A Camila (nome fictício) postou o seguinte texto: Fiquei casada por muitos anos, e confesso que ando um pouco perdida a respeito dos relacionamentos atuais: Curtos, curtíssimos, ninguém quer investir tempo, entender o outro, abrir mão de pequenas coisas para construir algo juntos.
É assim mesmo? Esse é o novo normal? Já há algum tempo venho querendo escrever sobre essa temática, pois é algo que me afeta. Eu, como a Camila, também fiquei casada até 2015, quando tive uma separação meio traumática de um relacionamento tão traumático quanto seu fim. E sendo assim, fiquei meio preservada, meio fechada para balanço, como dizem por aí. E por causa dos traumas gerados por esse relacionamento e seu fim, por ter ficado em dificuldade financeira e com o psicológico totalmente abalado, eu me fechei, literalmente, para poder me reerguer. Quando comecei a fazer terapia com uma psicóloga especializada em atender mulheres vítimas de relacionamentos abusivos e depois de alguns meses de psicoterapia, comecei a trabalhar, na terapia, a questão de eu voltar a me ver como mulher e uma mulher que quer ter um novo relacionamento, que quer conhecer novas pessoas e se inter-relacionar com elas. A ideia da psicóloga foi a de entrar em alguns grupos ou sites de relacionamento, para novamente conhecer pessoas, já que minha vida real é bem conturbada e lotada de compromissos, porque eu tenho uma filha pequena que depende de mim e que cuido sozinha, o que demanda boa parte do meu tempo livre, ou seja, aquele que sobra depois que trabalho, cozinho e cuido da casa e de seus afazeres. Nessa nova etapa da vida eu fiz novas amizades, comecei a sair, para me divertir, fazendo passeios culturais ou gastronômicos, com minha família e com novas amigas. Nada que fosse para dar aquela saidinha para paquerar ou conhecer alguém do sexo oposto. E sendo assim, desde 2015 eu estou solteira e sem conhecer nenhum ser humano do sexo masculino que tivesse a pretensão de engatar um relacionamento sério. Os homens que tive a oportunidade de conversar queriam somente sexo, ou então, algo casual, sem nenhum compromisso. Por mais que coloquem em seus perfis que o objetivo é "buscar um relacionamento sério", não é verdade, na real. Muitos até me disseram que colocam isso para chamar a atenção das mulheres, mas que na verdade não querem compromisso. E se voltarmos à fala da Camila no texto que ela postou ela reflete bem o que penso sobre esses tempos de amores líquidos, ninguém quer se dedicar, ninguém que entender o outro, compartilhar seu dia, no máximo passar algumas horas juntos e de preferência, fazendo sexo, um sexo que também é casual, temporário, sem investimento algum. Foi bom? Pode até se repetir. Não foi? Eu acho outra pessoa para fazer sexo. E é só fazer sexo mesmo, sem vínculo, nem afeto.Dos 275 comentários, não fiz a contabilidade real, mas a maioria das respostas concordou com as perguntas feitas por Camila, que sim, é assim mesmo e que sim, isso é o novo normal, para a sociedade, mas muitas pessoas concordaram que não aceitam esse tipo de relacionamento e por isso ainda estão solteiras/sozinhas, porque não concordam com tais atitudes e tal tipo de relacionamento, tão sem afetuosidade e vínculo. E diante dessas ideias todas, eu fui pesquisar um pouco sobre o autor do livro Amor Líquido e o que ele tem a dizer e encontrei essa matéria da Revista Isto é

O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman diz que vivemos tempos líquidos. Nada é para durar. Que triste essa frase, não é mesmo? Eu acho. Muito triste. Pois aprendemos que você investe esforço, para conquistar coisas, pessoas, para durar, um casamento, um relacionamento, você investe dinheiro para comprar uma casa, para ela ficar para seus filhos e netos quando vir a falecer. Não fomos criados para entender que as coisas não são feitas para durar. Bauman traz o conceito de modernidade líquida a qual designa como sendo seu conceito fundamental. É assim que ele se refere ao momento da História em que vivemos. Os tempos são “líquidos” porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser “sólido”. Disso resultariam, entre outras questões, a obsessão pelo corpo ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral, a paranoia com segurança e até a instabilidade dos relacionamentos amorosos, como citado na referida reportagem. Essa incerteza no porvir tem gerado reações adversas, nunca se viu tanta gente ansiosa, com síndrome do pânico, depressão, como vemos hoje. Claro, muitas dessas pessoas em tratamento, vivendo a base de remédio, psicotrópicos para poderem viver, minimamente bem. Minha avó, se fosse viva, diria: Que tempos são esses? Vivemos em um mundo em crise e Bauman diz que não são as crises que mudam o mundo, mas o que nós, seres humanos, fazemos diante da crise. Estamos vivendo agora, no Brasil, não só uma crise econômica, mas também uma crise na saúde e para "melhorar" uma crise política. Estamos vivendo em uma quarentena, devido ao vírus Corona e a doença que ele traz consigo a COVID-19, e fica o questionamento: o que faremos para mudar as nossas atitudes pós pandemia? Muitas pessoas dizem que não vêem a hora de tudo voltar ao normal. Qual normal? O que será normal depois da quarentena? Vamos ter que pagar para ver e talvez isso gere nova postagem nesse singelo blog. Mas, por enquanto, continuamos com a análise dos tempos líquidos e estamos vivendo isso intensamente nos dias atuais, pois não sobra outra opção para nós a não ser os contatos online. Tudo está online hoje, festas de aniversários, reuniões, trabalho, encontros entre amigos, lives de artistas, teleconferências....e a busca de relacionamentos, que acontecem offline, como uma fuga da realidade, pois se você não gostou da pessoa, simplesmente se desconecta, sem dar maiores explicações e logo em seguida engata outra conversa com alguém que lhe apeteça mais. Sobre isso Bauman diz que todo o problema é que, quanto mais você busca fugir dos inconvenientes da vida offline, maior será a tendência a se desconectar. Desconectamos do "felizes para sempre que tão bem ilustra os filmes românticos e os contos de fadas e alguns relacionamentos da vida real também. E disso sobra o quê? Os tais amores líquidos que Bauman designa como sendo:  um amor “até segundo aviso”, o amor a partir do padrão dos bens de consumo: mantenha-os enquanto eles te trouxerem satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação. O amor com um espectro de eliminação imediata e, assim, também de ansiedade permanente, pairando acima dele. Na sua forma “líquida”, o amor tenta substituir a qualidade por quantidade — mas isso nunca pode ser feito, como seus praticantes mais cedo ou mais tarde acabam percebendo. É bom lembrar que o amor não é um “objeto encontrado”, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e de boa vontade. Para o sociológo ambos relacionamentos têm seus aspectos bons e ruins. O que ele define como um bom relacionamento é aquele pautado no amor. Que eu acho que é o que falta nesses tempos de amores líquidos, nos quais não há comprometimento, não há amor, talvez somente uma atração, que superada, o relacionamento é descartado. Pessimistas esses dizeres e pensamentos? Sim, um pouco. E não fica melhor quando pensamos no futuro. Segundo Bauman, ocupamos um mundo pautado pelo “agora”, que promete satisfações imediatas e ridiculariza todos os atrasos e esforços a longo prazo. Em um mundo composto de “agoras”, de momentos e episódios breves, não há espaço para a preocupação com “futuro”. Nenhuma luz no final do túnel. O que eu procuro fazer? Continuar tentando, tentando criar laços com amigos, tentando buscar um relacionamento que pense que vale a pena o esforço e a construção de uma convivência cotidiana. Fácil não é. Mas eu continuo, pois não tem caminho de volta.

sábado, 30 de maio de 2020

Se cada um respeitar a opinião alheia...

Se cada um respeitar a opinião alheia seremos um país melhor para se viver


Fui impulsionada a revisitar meu blog à partir do momento que estava participando das postagens em um grupo no Facebook, que não vou aqui citar qual, pois não fará diferença na história e não quero expor outras pessoas, mas vou descrever mais ou menos como é o grupo e qual seu propósito. É um grupo que reúne pessoas com pensamento político à esquerda, solteiras, casadas, mas com o intuito de ter um entretenimento respeitoso e sadio, com tranquilidade para abordar qualquer temática. Mas claro, que como em qualquer grupo, seja real ou virtual, sempre há pessoas que colocam em pauta temas não muito corriqueiros, ou considerados tabu. Eis que neste dia foi feita uma postagem que se referia à prática sexual do cunete. Para quem não sabe significa ato de buscar e dar prazer sexual com a boca e a língua no ânus da outra pessoa. Alguns chamam de beijo grego. E após a postagem, obviamente houve vários comentários, muitos, mas muitos mesmo a favor. Até aí a coisa corria solta, leve, cada um comentando, dizendo que já fez, que sente saudade dessa prática (afinal estamos em quarentena e as pessoas solteiras não têm saído, nem encontrado pessoas e nem praticado sexo). Tudo fluía, pois os comentários privilegiavam a prática de tal ato. Até que alguém postou algo contra a prática. Alguns postaram, simplesmente, que não faziam. Outros porém expressaram o porquê de não praticarem tal ato, como sendo algo nojento e porco. Uma pessoa até disse que não comia cocô para fazer tal ato. Aí acabou, né gente? Acabou a paz instaurada, pois as pessoas, mesmo as ditas tendentes à uma visão política à esquerda, ou seja, uma visão mais macro, coletiva e democrática, não aceitam visões ou posições, sejam referentes a qualquer assunto, contrárias às suas. Aí algumas pessoas comentaram que era mimimi e falta de maturidade falar contra tal prática. Eu fiz questão de ler todos os comentários, e em nenhum momento houve mimimi e ninguém xingou ninguém, ninguém disse afirmativamente que quem pratica tal ato é porco ou nojento, mas foi assim que as pessoas, que tinham se colocado a favor do cunete, interpretaram. Quando eu, incomodada com tais atitudes - pois como uma pessoa com pensamento político à esquerda, qualquer manifestação contrária à democracia, me irrita um pouco - resolvi responder com este texto: Sou a favor da democracia, sempre. Então posso não concordar com o que a pessoa diz, mas sempre vou lutar pelo direito dela dizer. Sendo assim, em um tópico que pergunta se fariam certa ação ou não, todos têm direito a responder, se sim ou não e fazer os mais diversos comentários. Temos que respeitar quem diz que faz e porque gosta de fazer, como também respeitar quem diz que não faz e porque não gosta de fazer. Acredito que isso seja maturidade e democracia. E assim criamos uma sociedade melhor para nós vivermos. Nenhuma resposta é mimimi ou afronta. Eu, ao menos, penso assim. Depois disso foi uma enxurrada de outros comentários dizendo, por exemplo, que quando a pessoa diz que não come cocô para fazer tal ato significa que quem faz tal ato come cocô. Onde está escrito isso, gente? Eu e muitos amigos meu dizemos que o que falta para vivermos bem é interpretação de texto. As pessoas precisam ler mais e interpretar mais textos, sejam eles quais forem. As pessoas te acham legal enquanto você fala o que elas querem ouvir, à partir do momento que você se coloca contra, não é tão legal assim e no caso da postagem, as pessoas se colocaram contra, pois era o que a postagem perguntava: você faria ou não cunete? Aí diante da confusão causada eu me lembrei do jornal Charlie Hebdo e de uma charge, que em 2015, causou um atentado terrorista contra o escritório de tal jornal. A charge que causou tudo isso foi a da foto postada acima. E na época esse atentado causou muita comoção, tanto que houve uma campanha, no próprio Facebook, onde as pessoas postavam a hashtag somos todos Charlie ou modificavam a foto do perfil com a foto da pessoa subposta pelas cores da bandeira da França. Eu inclusive mudei minha foto do perfil na época. Por quê? Porque eu acredito que todos podem falar, desenhar, escrever o que quiserem, que em um mundo desenvolvido e democrático, isso é o que deve acontecer. Se eu não sou a favor do que dizem ou escrevem, eu escuto ou leio e ignoro, sigo minha vida e isso não me afeta. E pensando exatamente nisso eu fiz nova postagem para responder às pessoas que foram contra o que eu respondi antes e escrevi: Exato, cada um fala e faz o que quer....Lembro do atentado ao Charlie Hebdo, por ter feito uma charge sobre religião, discuti o caso com meus professores e alguns eram veementemente contra a charge, mas pelo menos não concordavam com o ataque terrorista, porém eu acredito que o jornal pode fazer a charge que quiser, eu que não tenho que me melindrar com ela. E se cada um fizesse isso, o mundo teria mais paz. Sou religiosa? Sim? Olho a charge e sigo a vida. Posso até me colocar contra se fazer uma charge assim? Posso. Mas nem por isso vou reprimir as pessoas de fazerem. Só sigo minha vida. Se a pessoa falou que fazer cunete é comer merda, opinião dela, eu não acho isso e pronto, ela segue com a vida dela e eu com a minha. Militância para quebrar tabus não surtem muito efeito quando atacam ao invés de compreender e explicar. Por que citei que militância para surtir efeito tem que compreender e explicar? Pois em outro tempo, acredito que nesse mesmo grupo, houve uma postagem meio arrogante sobre a militância a favor de pessoas assexuais, querendo ditar uma regra, como se no mundo só houvesse uma opinião ou um só tipo de conduta. Acabamos conversando com a pessoa autora da postagem, por meio de comentários e logo em seguida ela fez uma outra postagem explicando o que era e como era ter uma vida sem a necessidade de um relacionamento pautado no sexo e isso foi legal, isso acredito que fez mais diferença do que atacar as pessoas e dizer que estavam erradas em não concordar com este estilo de vida. Eu acredito nisso, na militância pela compreensão e explicando cada uma das posturas. E como eu disse antes: posso não concordar com o que você diz, mas vou sempre lutar pelo seu direito em dizer. Até a próxima postagem...espero que não demore mais três anos...kkk

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ser diretora

Pessoas, voltei. Hoje, no meu email, havia um comentário a uma postagem minha aqui nesse blog e eu voltei a ele. Minha vida virou o mundo invertido, quem assiste à série Stranger Things, na Netflix, sabe do que estou falando. Pois é, em um ano descasei, mudei novamente de casa e também mudei de profissão. Em novembro de 2015 prestei um concurso para acessar o cargo de Diretor de Escola na Prefeitura Municipal de São Paulo, onde, na época eu era Coordenadora Pedagógica. Tinha passado por uns problemas sérios, na vida pessoal e não estava muito a fim de sentar e estudar para um concurso sério, como são os concursos da PMSP. Mas, como é de acesso, não se paga inscrição, portanto, fiz minha inscrição. Fiquei sabendo que o sindicato ao qual sou associada iria fornecer um cursinho preparatório, me inscreve para fazer o tal cursinho, nas quartas-feiras à noite. Fui em duas quartas-feiras, pois para mim era imensamente cansativo, sair do trabalho, chegar em casa, tomar um banho e me arrumar, pegar ônibus e metrô, ir até o centro de SP, sendo que sou moradora de Guarulhos, e sair de lá às 21h para chegar em casa por volta das 23h, para acordar no outro dia às 5h30. Sendo assim, desisti do cursinho. Tirei cópias de apostilas e estudei em casa. Participava de grupos no whatsapp, com pessoas na mesma situação que eu que iam dando dicas de vídeos e sites para poder estudar. Contei muito com a colaboração do Professor Christian, membro do sindicato, e que nos disponibilizou vários vídeos e aulas em power point para podermos estudar. Sendo assim, fui, fiz a prova, muito desencanada, pois tinha certeza que não passaria. Mas....passei...e passei bem. Escolhi na primeira leva. Minha classificação 159, contando o pessoal que optou por cotas, 186, num universo de mais de 4 mil considerados aptos, está bom né gente? Para quem nem estudou...Não gosto de falar isso pois parece que estou esnobando, mas é verdade, eu fui mesmo com o conhecimento adquirido na minha excelente formação universitária e pelos anos de trabalho e estudo intensos. Mas como demoramos a ser chamados, no final de 2015 a diretora da minha escola pediu remoção e foi para outra unidade e ninguém veio para o lugar dela, sendo assim, fui eleita pelo Conselho de Escola e fui designada diretora de escola, na escola onde estava como Coordenadora. Em novembro de 2016 ocorreu a chamada e escolha de escola, como a escola onde eu estava designada diretora tinha uma vaga definitiva e no momento da minha escolha estava disponível, escolhi lá para começar minha carreira de diretora. Uma escola pela qual tenho um carinho muito grande, uma escola problemática, mas na qual acredito que tenha solução. E assim começou mais um ciclo em minha vida, o de diretora de escola. Tarefa nada fácil, na qual ainda estou engatinhando, mas que tenho certeza me trará muitas alegrias e crescimento profissional. Depois continuo contando essa saga...

domingo, 10 de abril de 2016

Toda separação é dolorida

Hoje irei escrever sobre um assunto que bateu à minha porta há alguns anos, mas não falarei sobre essa situação. Falarei sobre a situação que mulheres enfrentam quando há a separação do marido, do pai dos filhos. Hà três amigas minhas que são próximas e que já passaram por essa situação. Conversando com elas, pedi que elas compartilhassem brevemente o que haviam vivenciado após a separação dos respectivos maridos e pais dos filhos dela. Vou somente colocar as iniciais do nome de cada uma, pois não perguntei se eu podia publicar o nome delas, então para não criar nenhuma situação chata, vou me referir a elas, no texto, somente pelas iniciais. A primeira que me contou a história dela foi a C. Conheço C há uns bons cinco ou seis anos. Agora que casei de novo, que moro em Guarulhos, faz um tempo que não nos encontramos, mas estamos sempre nos falando. Eu acompanhando o desenvolvimento da família dela e ela acompanhando o desenvolvimento da minha. Quando a conheci eu era solteira, já havia separado do meu primeiro marido e ela era casada. Um tempo depois ela se separou, com três filhos para criar. Saiu da casa onde morava com o marido e foi morar, novamente, com os pais dela. Hoje, o filho dela mais novo, que na época era bebê, acho que tinha nem um ano está um menino grande e maravilhoso. Aliás, os três filhos dela são maravilhosos. Mas estou aqui para falar das situações pelas quais uma mulher passa quando se separa. C é enfermeira, que trabalha em um hospital público municipal de São Paulo, ou seja, imaginem que os horários dela não sejam tão fáceis de coordenar, pois há plantões, há trabalho em Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia dos Pais e Dia das Mães. Mesmo assim ela vem contornando todos os pesares, chegando de plantão e cuidando das crianças, enviando-as à escola para depois ela poder descansar, isso quando não tem coisas a resolver, paredes para pintar ou aula de dança para fazer, né C? Lendo e analisando assim podemos dizer: Ah, ok, a vida da moça é sofrida, complicada mas ela dá conta. Ela dá conta sim. Mas ela tem que dar conta sozinha? Cadê o pai dessas crianças? Participa com muita restrição. Há festas e momentos das crianças que o pai não está. Diz que está em plantão, já que o pai deles é policial. Mas e quando há um evento, a C não se desdobra e vai? E como fica a situação quando o pai casa com outra mulher que não se dá bem com as crianças.? Eu sei que não é fácil. C passa por situações muito estressantes por causa disso. Certa vez, a filha de C foi passar as férias, ou algum feriado, na casa do pai e da nova esposa dele, um tio dela, por parte de pai, numa brincadeira estúpida, deslocou o ombro da menina. Quem correu para cuidar dela? C. O dinheiro que os maridos tem que pagar como pensão é ínfimo, óbvio, quem cuida de uma criança sabe quanto é alto o gasto para cuidar e fazer essa criança desenvolver plenamente, gastos com educação, saúde, esportes, outra língua, passeios da escola, passeios, viagens, férias, comida, roupa etc etc etc. Quem tem filho sabe do que eu estou falando! O menorzinho dessa minha amiga passou, recentemente, por uma cirurgia séria. E o pai? Cadê? Não foi. Não estava presente. No retorno houve uma situação muito triste, o filho virou para a mãe e comentou que a maioria dos meninos estava acompanhado do pai e não da mãe, como ele. A mãe sensibilizada disse: na próxima vez seu pai virá. Mas ela sabe que não dá pra contar com o cara. Simples assim. Ele não participa. Vez em quando liga. Vez em quando fica com as crianças. Está certo isso? O casal se separou, mas os filhos são dos dois, os dois fizeram, os dois tem responsabilidade para com os filhos, sua criação e os cuidados a serem tomados com eles. Outra amiga é a M, que também passa por maus bocados. Mas nesse caso, não sei, eu acho, é muito pior, por quê? Porque simplesmente o pai do segundo filho dela. O pai da primeira filha morreu, Ela casou novamente, separou, e o pai do filho dela além de não pagar pensão e quando pagar ser um valor praticamente simbólico, não liga ou visita o filho. Não pega o filho para passar o final de semana com ele, nem férias, nem nada. Não quer saber do filho. Como será que fica a cabeça dessa criança? Depois alguns pais reclamam que as mães falam mal deles para os filhos. Não está certo fazer isso, pois o filho também não tem culpa de o pai tomar atitudes como esta. Mas tem hora que a paciência vai pro brejo numa situação dessas. A mulher tem um filho com um homem, com quem está casada, de repente o casamento termina e o homem acha por bem abandonar tudo? Abandonar mulher e filhos? Está certo isso. pergunto novamente? Para mim não. É fácil, simplesmente, fazer um filho, largar a mãe e deixá-la sem amparo para cuidar desse filho. E a responsabilidade onde fica? E a lei onde fica? A minha outra amiga é a T. Ela se separou quando a primeira filha tinha três anos e a segunda tinha apenas 11 meses. E ela disse que separou por não poder contar com o marido para os cuidados com as filhas e a casa. Chegava em casa achando que ele iria ajudá-la e nada, o cara ficava lá sentado no sofá, esperando que ela fizesse tudo, mesmo ela tendo trabalhado oito horas e meia no dia. Aí ela cansou de ter essa expectativa e isso nunca acontecer. E o cara nunca mudar. Separou. E hoje ela disse, depois de terapias e cuidados consigo e com as meninas hoje ela está muito melhor. Por ela ficar na expectativa que o marido mudasse, que o marido a ajudasse, isso foi a desgastando. Ela hoje se sente muito mais mulher, muito mais consciente de si e do que ela é capaz. Uma pergunta que fiz a todas. Com quem vocês contaram para manterem o equilíbrio e cuidarem dos seus filhos sem abandonarem seus empregos? E C me respondeu que o pai dela é um grande braço direito, ela mora com ele portanto ele a ajuda em muitas coisas, como buscar os meninos na escola, cuidar deles enquanto ela trabalha. Além do pai ela conta com a ajuda de uma babá que cuida das crianças e da casa. Além disso, há a irmã da C que também corre quando há algo mais urgente ou que alguém não possa fazer por ela. M disse que conta com ela e somente ela. E que sempre foi ela que cuidou de tudo, que havia uma pessoa que cuidava da casa, já que ela trabalha fora, mas que hoje casou novamente, e dispensaram a faxineira. Ou seja, ela voltou a cuidar de tudo sozinha apesar de ter uma filha em casa com vinte anos mas que não a ajuda como ela acha que a garota deveria ajudar. Já T. conta com uma empregada três vezes por semana e uma babá que cuida das meninas, que hoje tem 6 e 3 anos, além de contar com a mãe dela que vai alguns dias da semana na casa para cuidar e ficar com as meninas, além do pai das meninas que cumpre com seus deveres, paga a pensão e fica com as filhas nos dias que são seus dias de ficar com elas, por direito e determinação da justiça. Ou seja, ainda bem que há uma rede de ajuda para essa mães, que a meu ver são muito guerreiras. Pois, como disse no título, toda separação é dolorida. Mesmo quando você quer separar, todo o processo, que às vezes é longo, é dolorido. Você tem que abrir mão de uma vida, com a qual estava acostumada, vivendo com uma pessoa, dividindo tarefas com ela e de repente você se vê sozinha, com um ou mais filhos para você cuidar sozinha, mesmo tendo que manter todas as suas responsabilidades, como cuidados com a casa e o trabalho fora de casa. Eu comecei a pensar que se eu separasse hoje em dia, seria totalmente complicado, pois eu não posso contar com minha mãe, que sofre do Mal de Alzheimer. Poderia contar com minhas irmãs, pois essas sim são meu porto seguro, sei que quando necessito elas estão a postos para ajudar. Teria que manter a babá que cuida da Elena, e diminuir meus gastos, talvez morar em uma casa com um aluguel menor. Fazer uma terapia. Cuidar de mim e da Elena, já que muitas vezes a responsabilidade fica somente nas costas das mães. Todos meus aplausos e minha admiração a essas minhas amigas e a tantas outras mulheres que, após uma separação dos maridos, tomam todas as responsabilidades para si, para seus filhos continuarem a ser cuidados e crescerem com menos pesar possível, com menos sequelas possível. Mas sem sequela ninguém passa após uma separação. Mas ainda bem que há mulheres que tomam a frente e vão à luta. E não se entregam. Pelos filhos fazem todo o possível...e o impossível.....

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Minha aventura pelo HSPM - Parte 2

Pois bem, caros amigos, aqui estamos reunidos para a continuação da minha SAGA PELO HSPM. Então, relembrando, eu teria que me internar e me submeter ao procedimento de curetagem. Voltei no outro dia, depois de organizar a minha vida e da Elena, verificar com quem ela ficaria, quem a buscaria e levaria até a escola e etc e tal....Cheguei lá cedo. Passei no PS, fiz minha entrada no hospital e subi ao oitavo andar. Cheguei lá, entreguei minha ficha e....já sabem né? Até que fui chamada, e ...tchanã....por outra médica e não o que me atendeu ontem. Ou seja....tive que contar a mesma história, tudo de novo, ela me fez as mesmas perguntas. Por que, caros amigos? Porque a ficha do dia anterior, após consulta, deve ser abduzida, ela não caminha junto com seu atendimento, atendeu, acabou o dia, acho que eles comem as fichas, abre-se uma nova ficha e assim vai. Ok, expliquei tudo de novo e ela...me examinou de novo. Mas essa mulher era uma grossa de mão cheia, estúpida, cara fechada, não me deixava perguntar nada. Me examinou e disse: Espere aqui que eu já volto. E demorou milênios, mas voltou e disse: você terá que tirar sua roupa, deixar com seu acompanhante e voltar pra cá. Tipo, eu estava com um acompanhante. E se estivesse sozinha? Tipo, ela só dá ordens, não pergunta nada, não quer saber de você, quer resolver o problema dela. Coloquei aquele avental suuuuper degradante de hospital, com a abertura para trás. E fui entregar minhas coisas para minha acompanhante. E dali em diante fiquei incomunicável, e só sairia dali quando se efetivasse todo o procedimento da curetagem, que não consiste em te bodear e colocar a cureta em você e te cutucar até tirar tudo de dentro do seu útero. Não, caros amigos!! No meu caso, como o feto já está formado, o lance é pior, se é que isso pode ser pior do que o já mencionado, mas é pior. Por quê? Porque eu tenho que ter um parto do meu feto morto para depois então fazer a curetagem propriamente dita. Ou seja, é um procedimento deprimente. Deprimente no sentido de deprimir mesmo. É muita violência psicológica. Eu achei. A médica me mandou para uma sala onde já havia duas pessoas deitadas em camas hospitalares. Estava super apertado. E eu tive que deslocar uma cama para poder sentar. Euzinha, sozinha. No que vieram duas enfermeiras, Camila e Alessandra, super eficientes. A Camila punsionou minha veia para colocar o acesso e fez direitinho, nem hematoma tenho. A Alessandra super simpática, ficava conversando conosco o tempo todo. Gostei dela. Depois de um tempo, colocado o soro para hidratar minha veia, veio a médica com um comprimido na mão e disse: vou colocar esse comprimido em você e temos que esperar você começar a ter contrações. Ok. Vamos lá. Nessa hora, mano, você só quer acabar com aquilo logo. Eu sou falante, como sabem, e não consigo ficar taciturna num momento desses, aí que falo mais e tento me distrair. Pois bem. Esse procedimento começou era mais ou menos meio dia. Quando foi umas 17h nada de contração e nem dilatação. A médica volta e coloca mais um comprimido. 18h30 troca o plantão e vem outra médica, passam o caso para ela, como se você não estivesse ali: aquela é a Ana Cristina, ela teve um aborto retido, quadrigesta, com dois partos, coloquei miso duas vezes já esperando dilatar e expelir.....E eu mentalmente dizendo: Ei, hello, estou aqui, falem comigo e não de mim....Mas tudo bem. A médica que veio chamava-se Cristiane, suuuuuper mega competente, um pouco sisuda, mas sabia do que falava. Ela chegou e disse: Ana Cristina, vou te examinar, e lá vai a festa da uva, todo mundo pondo a mão dentro de mim...Assim não dá, minha gente...mas é o procedimento. E ela disse: seu colo está querendo começaaaar a dilatar. Quase pulei da cama e disse: começaaar?? Cara, estou aqui desde meio dia, morrendo de fome, pois estava em jejum desde às 20h do dia anterior e você vem me dizer que ele tá COMEÇANDO a querer dilatar. Cara, essa é outra hora que se eu tenho uma arma sei não...Mas eu respirei e sorri. Tipo pinguins de Madagascar: sorria e acene. Foi o que fiz. Logo depois chegou um outro médico, que acho que era o chefão da parada. E perguntou para a Doutora Cristiane os casos e ela explicou para ele meu caso. E ele perguntou: o que você pretende fazer? E ela: soro e oxicitocina pois já foi colocado dois miso e nada do colo dela dilatar. E eu mentalmente, de novo: I'M HEREEEEEEEEEEE!!!!  E lá vem as novas enfermeiras, que não perguntei os nomes, com o soro e a oxicitocina. Cara, esse remédio é do demo. Ela colocou o soro em mim e dali uns 5 minutos começaram umas contrações muito FDPs. Eu me contorcia toda. Minha irmã pode vir me ver por uns 5 minutos e eu falando com ela e me contorcendo. Minha irmã foi embora e eu lá, me contorcendo. Cansei, toda dolorida, morrendo de fome e os caras ainda vão jantar, esquentam o jantar no micro-ondas, na copa, em frente à sala que eu estava. PORRA MANO, to com fome, em jejum!! Sacanagem!!! Pois bem, eu com dor, perguntei pra médica se podia me sentar, ela disse que sim, só não podia andar. Pedi para ir ao banheiro e voltei, fiquei sentada, parecendo uma autista, fazendo balanceio de corpo, para passar a dor. Senti um tum dentro de mim e uma água escorrendo. Chamei a enfermeira, que da porta mesmo me olhou e disse: espera a médica vir te ver, mas ACHO que isso é normal. A médica não veio, fiquei com aquela água no meio das pernas, elas dobraram meu lençol e lá eu continuei, deitei, quer dizer, recostei na cama e senti algo descendo, quente, muito quente. A médica entra e diz, num tom meio alto: ela expeliu. Eu não sabia se dava graças, ou se dizia, você está falando do meu filho, morto, porém meu filho, fale com cautela, por favor. Mas não pensava em nada, somente em agradecer a Deus, pois havia rezado tanto, o tempo todo, para que tudo corresse bem e aquele sofrimento passasse logo. E eu sabia que depois da expulsão do feto morto poderia fazer a curetagem. Sabe que horas eram isso? Meia noite. Ou seja, fiquei lá do meio dia até meia noite para que a curetagem fosse feita. A médica pegou meu feto e me disse: quer ver? Senão vou colocar no saquinho (pois eles fazem análise do feto morto, creio que para saber as causas do aborto, não sei ao certo). Fiquei em dúvida, a moça que estava na cama ao lado disse: não veja não, você depois vai ficar com essa imagem na cabeça. E eu não quis ver. Ela levou meu feto embora, voltou, tirou a placenta e tudo o mais e depois me levaram para a sala de cirurgia e parto. E eu olhei pro teto, respingado de sangue....Ecate de novo! Meu, não dá pra limpar isso aí não?? Custa?? Pois bem, a anestesista chegou, me sedou e não vi mais nada até às 2h quando acordei da sedação e a enfermeira disse: só posso te levar pro quarto quando você conseguir dobrar os joelhos. E nada....eu mandava meu joelho dobrar e nada, por causa da raqui. E a morfina que me deram, me coçava inteira. Que sensações horríveis. E eu lá, meio dormindo meio acordada fui tentando mexer minhas pernas, até que consegui. Chamei a enfermeira que veio verificar se eu dobrava mesmo. A enfermeira que tomava conta das auxiliares, a Marilene, uma pessoa excelente, até a elogiei, veio me explicou todo o procedimento, que tinha sido efetivado com sucesso e o que aconteceria dali pra frente. E eu querendo comer a parede de fome, nem ouvia mais o que me diziam. Pois bem, a auxiliar verificou que eu realmente estava dobrando os joelhos e disse: vou te levar pro quarto rapidinho pois aquela lá (outra mulher que estava no pré parto urrando) logo logo vai parir. E ela me levou pro quarto. Duas enfermeiras me acolheram. Comecei a passar mal, vomitei. A enfermeira perguntou desde quando eu não comia. Respondi  e ela disse: vou ver se tem chá e bolacha e trago pra você. Administrou plasil. E eu capotei. E o chá to esperando até hoje...uahahahhahaa...Bem. Acordei. Me deram café da manhã, tomei banho, escovei dentes, virei gente de novo. Me deram dipirona. E eis que vem o chefão da máfia dos médicos com os residentes. Param na frente da minha cama. Ele pergunta como estou, se passei bem e se vira para os residentes e diz: Agora vamos ter aula de aborto. E começa a fazer perguntas para os residentes. E explicar as coisas. Eu gosto de aprender, então fiquei atenta à aula. Mas que é uma situação estranha, é. Foram embora. Depois o nigeriano que me atendeu no primeiro dia veio perguntou como eu estava, se havia comido e disse que eu estava bem. E eu perguntei a que horas teria alta. Ele: meio dia. E eu UHUUUUUUUUUUUUUUUU.... A nutricionista veio. A psicóloga veio. O mundo veio falar comigo. O papa veio...kkkk...não, o papa não veio. Mas enfim. Meio dia não chegava nunca. Chegou o almoço. Almocei. Esperei. Combinei com minha irmã de ir me buscar. Tudo e nada da alta. Quando vi no quarto ao lado uma moça que tinha dado entrada junto comigo no dia anterior. E ela também estava esperando a alta. Quando vimos o médico saímos as duas pro corredor e ficamos esperando ele assinar a alta. Assinou. Ufa! Vamos embora daquele tormento todo. Mas o que eu pretendo com esse posts é dizer que o HSPM é meio desorganizado, é sujo, é...mas os profissionais que lá estão, em sua maioria, são super competentes. Alguns de cara fechada, alguns te tratam com desdém, mas eu tive sorte, pois todos que me atenderam, exceto a primeira ginecologista, foram muito atenciosos, e a Doutora Cristiane, muito competente, tudo que ela me explicou, aconteceu exatamente como ela explicou. E por isso tenho consideração. Fui bem cuidada, o procedimento foi feito de forma eficiente e estou viva. Superando minhas dores, físicas e psicológicas, mas isso é comigo agora.