Hoje foi um dia deveras desgastante, pois houve um acidente na escola em que trabalho e três alunas tiveram que ser encaminhadas ao hospital. E quem estava envolvido? Alunos que não têm NENHUMA ocorrência de indisciplina. Eu estou simplesmente um caco, um pano velho jogado num canto, estou muito, imensamente, desestimulada, decepcionada. Ao mesmo tempo penso que Martins, João e Marcos não estavam envolvidos, pelo menos nisso não. Ufa!!
Nas férias, eu conversei bastante com João e fiquei muito orgulhosa dele, pois vê-se que ele se esforça e que durante as férias trabalhou e produziu algo decente, vê-se que ele tem certas responsabilidades, vê-se que ele é um garoto inteligente, mas que muitas vezes usa a sua inteligência para o mal.
Mas as decepções são em maior número que as alegrias, ultimamente. Hoje, além do acidente no qual alguns alunos deixaram um portão de ferro cair em cima de algumas alunas, machucando-as gravemente, tive a péssima notícia de que tem havido a prática do BULLYING por parte dos meninos acima referidos, os protegidos da Ana, como dizem as más línguas. Eles têm cometido essa prática discriminatória, infame, idiota, indecente, e hoje um aluno, não mais aguentando essa prática contra ele veio pedir providências, a única opção que me deram foi o afastamento de um dos alunos, ao menos. Eu não sei o que farei, na verdade. Eu não estou pensando coerentemente hoje, eu só sei que me decepcionei mais uma vez.
Penso em desistir, não do meu cargo, como já pensei, falo a verdade, mas desse processo. Não sei se sou eu que estou no lugar errado, ou se, realmente, como dizem, esses meninos não querem mudar, esses meninos não têm mais jeito...Eu prefiro acreditar que a errada sou eu que não tive competência para fazê-los mudar suas atitudes. Hoje, também, Marcos me disse, eu quero mudar as atitudes, Ana, mas preciso me afastar dos moleques. O João já me disse que há um determinado liderzinho do mal na sala dele que perturba toda a ordem, e faz com que eles levem a fama das bagunças.
Hoje me decepcionei, mas não tanto quanto no dia em que alguns alunos da sala dos meninos espalhou um líquido mal cheiroso pela mesma, por duas vezes. Acusaram um aluno, que chegou à minha sala e disse que não foi ele, que ele só desceu pois quem fez aquilo foi uma pessoa que vive descendo para falar com a direção. Só de relembrar aquele dia, aquele momento, meu coração se aperta, como naquela hora em que Martins, depois de eu muito insistir, confessou que foi ele quem espalhou o líquido mal cheiroso. Ele, neste dia, mais do que em outros, não me olhou nos olhos. Eu senti imensamente, eu tive que conter a minha emoção, a minha decepção para tentar resgatar o Martins, pela décima quinta vez. Eu tento me aproximar dele, mas quando mais chego, mais ele se afasta. Eu perguntei a ele se ele tem medo de se aproximar das pessoas, pois tem medo de se apegar, e essas pessoas o deixarem, como tantos que ele ama ou amou na vida já fizeram com ele. Obviamente ele não me respondeu, mas nessa hora abaixou mais ainda a cabeça. Eu posso ter visto demais, mas seus olhos ficaram um tanto marejados, e meu coração ficou completamente ferido. A decepção foi muito grande. Eu não sei se suporto isso. Eu vou até o fim. Não sei como, mas vou. Eu tenho confiança de que eles confiam em mim, do jeito torto deles, mas não sei como essa história, esse mix de emoções vai terminar. Ou se esse mix de emoções vai terminar comigo.
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Acreditar em dias e pessoas melhores, é o que nos faz não desistir desta vida, mana...
ResponderExcluirÉ difícil, demanda tempo e paciência continuar acreditando na bondade do ser humano, mas não podemos desistir. É fato que cada um cresce a seu tempo e a seu modo, mas é fato tb de que educadores comprometidos com a melhoria dos alunos, como vc, infelizmente são muito poucos, hoje em dia.
Então, não desista, mana querida!
Um dia após o outro... Sempre!
O comentário a seguir foi feito por meu grande amigo Alaor Bartolomei, via email: "Pois é Ana... a vida é assim mesmo... eu tenho uma opinião que a gente só se decepciona com quem a gente espera mais do que pode dar e acho que esse é o caso. Como kardecista que sou acredito que Deus não desiste de nenhum dos seus filhos, por mais envolvido e negativamente vivendo em qualquer lugar, de qualquer plano. mas também creio no Deus que fica como Pai, escondido, ouvindo atrás da porta pra saber o que o filho faz e, ás vezes, deixa ele se senitr como que sozinho pra poder perceber a diferença de estar perto ou não. Acho que é por aí que vc deve ir. Se afaste deles mas, só da vista, porém acompanhe tudo de mais perto. Deixe-os sentirem que estão te decepcionando e aí vc saberá o que eles realmente querem e desejam. Infelizmente você poderá ter uma resposta negativa da sua importancia para eles. É o risco. É o ônus. Mas mesmo assim isso poderá definir os próximos passos a serem tomados. Sabe aquela coisa de você ir nadando e tentar salvar quem tá se afogando? Você vai, chega, pede pra pessoa se acalmar, usa toda a técnica de salvamento e a pessoa está lá, tentando te agarrar pelo pescoço e te puxando pra baixo. Aí vc tem de dar um soco pra ela desmaiar e você poder fazer o que deve. O problema é que ás vezes a pessoa não desmaia e, ao contrário, te aperta mais e te puxa pro fundo. Aí, por mais terrivel que possa parecer, é hora de você pensar em você: solta e deixa a pessoa afundar. Voce tentou tudo o que foi possivel, mas a pessoa não se ajudou: seja por desespero ou por consciência. Você fez o que devia. É hora de você se salvar. Só assim, salva e viva, você poderá em outra oportunidade ajudar quem quer ser ajudado. Acho que você ainda está nadando na direção deles e está muito próximo dessa decisão. Acalme-se, e use as técnicas que voce aprendeu, aliadas à sua sensibilidade e faça o que precisa ser feito. Precisão cirúrgica. Desculpe-me se pareço frio ou insensivel, mas as pessoas tem o seu livre arbítrio para decidir o que querem e não cabe a nós ficar tentando mudar eternamente. Tudo tem limite. Bjs e sorte."
ResponderExcluirnossa.... taí uma coisa que eu precisava ler... bjos e não desanime
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