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Se depender de mim, nunca ficarei plenamente maduro nem nas ideias,

nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental.


Tempo morto e outros tempos

sábado, 21 de agosto de 2010

A Síndrome do Pequeno Poder


Pessoal, hoje resolvi escrever sobre um assunto que tem tirado um pouco meu sono e minha paciência. Sabe aquela história que Paulo Freire cita no seu livro Pedagogia do Oprimido? O oprimido quando chega ao poder é tão opressor quanto quem o oprimiu sua vida toda? Pois é, tem gente que ainda, em pleno século XXI,  age dessa maneira. Eu não concebo esse tipo de atitude ainda mais no campo educacional. Fazendo uma breve pesquisa achei alguns apontamentos interessantes sobre esta temática, que compartilho agora com vocês. No site: http://www.manager.com.br/reportagem/reportagem.php?id_reportagem=990 encontrei a seguinte definição para a denominada síndrome do pequeno poder: ...quando "chega lá" muitos se transformam e metem os pés pelas mãos. Nem precisa ser um grande poder: às vezes um mero crachá já transforma alguém em "autoridade". É evidente que exercício exaltado ou inadequado do poder pode trazer muitos transtornos e comprometer a sobrevivência e produtividade do grupo. Sendo assim, é necessário lidar bem com a ascensão de pessoas. Em outro blog (http://vovogalo.com/filosofia-barata/sindrome-do-pequeno-poder/) encontrei que: Não sei bem se pode ser considerada uma doença, mas é algo que normalmente afeta pessoas que tem raiva do mundo pois acham que sempre foram injustiçadas, e, possuindo poder para prejudicar alguém, o fazem...A maioria das pessoas não percebe mas isso gera uma cascata de insatisfação onde todos são prejudicados.
Na wikipedia: Síndrome do pequeno poder, segundo a psicologia, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder, usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com os problemas periféricos que possa vir a ocasionar.
Segundo Saffioti, é um problema social e não individual, característica da nossa sociedade. Ela surge quando aqueles que não se contentam com sua pequena parcela de poder exorbita sua autoridade.
Existe um provérbio iugoslavo que diz:
Se você quiser saber o que um homem é, coloque-o numa posição de poder.
Essa semana fiquei embasbacada com uma cena que presenciei, que me fez confirmar que tem gente perto com essa síndrome. Síndrome se refere a um tipo de doença, por isso tem gente perto com essa doença. Ao ser arguida por com uma atitude poder estar prejudicando outros funcionários, a determinada doente diz: Que se dane, não estão contentes, que peçam remoção! Até ontem a pessoa era uma funcionária, uma chão de fábrica, e agora que está num cargo, provisório, que nem concursada é, que está um pouco acima do chão de fábrica, se acha no direito de mandar e desmandar? De humilhar? De impor que as pessoas façam o que ela bem entender? Bom, eu acredito que a justiça é feita e ela tarda, pode até tardar, mas não vai falhar, um dia essa doente voltará ao cargo inicial dela e sofrerá as consequências de seus atos.
Por isso, aqui vão algumas dicas para quem chegou a um cargo de poder, segundo o site da Manager: Se você é quem subiu: 
· Perceba que ninguém faz sucesso se não por meio de outros; agora, mais que nunca você precisará do apoio de todos. Humildade é um bom começo.
· Saiba que, mesmo sendo dono da empresa, ninguém se sustenta eternamente no poder se não exercê-lo do modo correto. Muitos donos de empresas são "demitidos" por sócios, executivos, credores ou outros quaisquer que tenham poder.
· Nunca confunda a importância do cargo com a pessoal. Como pessoa você tem valor, mas dificilmente terá poder (pessoas sem cargo e com poder são apenas aquelas dotadas de uma autoridade moral indiscutível, pela sua contribuição ou história). O cargo, por outro lado, tem poder e o dá ao ocupante.
· Aprender a exercer o poder é aprender algo da maior importância. Invista nisso e procure a sabedoria.

Sem mais para o momento, espero os comentários, revoltados ou não....rs

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Misto de Emoções

Hoje foi um dia deveras desgastante, pois houve um acidente na escola em que trabalho e três alunas tiveram que ser encaminhadas ao hospital. E quem estava envolvido? Alunos que não têm NENHUMA ocorrência de indisciplina. Eu estou simplesmente um caco, um pano velho jogado num canto, estou muito, imensamente, desestimulada, decepcionada. Ao mesmo tempo penso que Martins, João e Marcos não estavam envolvidos, pelo menos nisso não. Ufa!!
Nas férias, eu conversei bastante com João e fiquei muito orgulhosa dele, pois vê-se que ele se esforça e que durante as férias trabalhou e produziu algo decente, vê-se que ele tem certas responsabilidades, vê-se que ele é um garoto inteligente, mas que muitas vezes usa a sua inteligência para o mal.
Mas as decepções são em maior número que as alegrias, ultimamente. Hoje, além do acidente no qual alguns alunos deixaram um portão de ferro cair em cima de algumas alunas, machucando-as gravemente, tive a péssima notícia de que tem havido a prática do BULLYING por parte dos meninos acima referidos, os protegidos da Ana, como dizem as más línguas. Eles têm cometido essa prática discriminatória, infame, idiota, indecente, e hoje um aluno, não mais aguentando essa prática contra ele veio pedir providências, a única opção que me deram foi o afastamento de um dos alunos, ao menos. Eu não sei o que farei, na verdade. Eu não estou pensando coerentemente hoje, eu só sei que me decepcionei mais uma vez.
Penso em desistir, não do meu cargo, como já pensei, falo a verdade, mas desse processo. Não sei se sou eu que estou no lugar errado, ou se, realmente, como dizem, esses meninos não querem mudar, esses meninos não têm mais jeito...Eu prefiro acreditar que a errada sou eu que não tive competência para fazê-los mudar suas atitudes. Hoje, também, Marcos me disse, eu quero mudar as atitudes, Ana, mas preciso me afastar dos moleques. O João já me disse que há um determinado liderzinho do mal na sala dele que perturba toda a ordem, e faz com que eles levem a fama das bagunças.
Hoje me decepcionei, mas não tanto quanto no dia em que alguns alunos da sala dos meninos espalhou um líquido mal cheiroso pela mesma, por duas vezes. Acusaram um aluno, que chegou à minha sala e disse que não foi ele, que ele só desceu pois quem fez aquilo foi uma pessoa que vive descendo para falar com a direção. Só de relembrar aquele dia, aquele momento, meu coração se aperta, como naquela hora em que Martins, depois de eu muito insistir, confessou que foi ele quem espalhou o líquido mal cheiroso. Ele, neste dia, mais do que em outros, não me olhou nos olhos. Eu senti imensamente, eu tive que conter a minha emoção, a minha decepção para tentar resgatar o Martins, pela décima quinta vez. Eu tento me aproximar dele, mas quando mais chego, mais ele se afasta. Eu perguntei a ele se ele tem medo de se aproximar das pessoas, pois tem medo de se apegar, e essas pessoas o deixarem, como tantos que ele ama ou amou na vida já fizeram com ele. Obviamente ele não me respondeu, mas nessa hora abaixou mais ainda a cabeça. Eu posso ter visto demais, mas seus olhos ficaram um tanto marejados, e meu coração ficou completamente ferido. A decepção foi muito grande. Eu não sei se suporto isso. Eu vou até o fim. Não sei como, mas vou. Eu tenho confiança de que eles confiam em mim, do jeito torto deles, mas não sei como essa história, esse mix de emoções vai terminar. Ou se esse mix de emoções vai terminar comigo.